quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

Tudo começou quando comprei a máquina de lavar. Minha mulher, cansada de esfregar as roupas, me pediu com a cara mais meiga do mundo, aquele olharzinho pelo qual havia me conquistado, para que eu comprasse a máquina. Atendi o pedido. Meu salário não era bom o suficiente, mas eu a amava. Conversei com o dono da loja e com o gerente do meu banco. Me fizeram ótimas ofertas. Realmente eu podia comprar a máquina e continuar aliementando a minha mulher e eu. Era um bom negócio. Pagamento facilitado para sessenta dias etc. Cheguei em casa com a máquina de lavar e o carregador da loja. Minha amada não cabia em si de felicidade. Eu sinceramente achava que aquela maldita máquina não servia para nada, mas pelo menos poupava trabalho da mulher e a deixou muito feliz.
Após dois meses, senti na pele a máquina. Pagamento facilitado? Eu estava era fodido. Mas a mulher parecia bem. Estava muito bem acomodada em casa. Para lavar as roupas agora bastava apertar um botão. Estava realmente acomodada. Tão acomodada que começou a ficar entediada. Me pediu um DVD. Já estava difícil de pagar a máquina, mas parecia que o DVD era mais barato. Fui na mesma loja, conversei com o gerente denovo, e minha mulher ficou feliz denovo. Eu passava o dia inteiro trabalhando. Se usei aquela porcaria de DVD duas vezes foi muito. Mas a minha querida mulher estava feliz em casa.
Passou-se um tempo. A minha vida continuava igual no trabalho e a minha mulher ficava em casa dirigindo a máquina de lavar e assistindo DVD. Minha situação no banco estava bem ruim. As dívidas desses BENS DE CONSUMO estavam me deixando preocupado, mas quando ia até o banco e falava com o gerente este me dizia que estava tudo bem.
Numa bela manhã de sol, um lindo domingo, acordei com a mulher reclamando de dor nas costas. Disse a ela que era porque passava muito tempo sentada assistindo ao DVD, mas ela disse que era o colchão no qual dormíamos. Queria um novo. Para mim aquele estava ótimo, mas ela disse que aquela dor já vinha atormentando-a desde antes do DVD e que precisava de um colchão novo ou acabaria tendo um colapso.
Quem era eu para recusar um pedido do amor da minha vida? Fui com ela na loja e compramos um colchão d’água. Era ótimo. Uma beleza. Naquela noite quente comemoramos o novo colchão, e hoje, quando me lembro, acho que foi a melhor noite da minha vida, mas ao mesmo tempo o início de uma desgraça.
No mês seguinte vi que com tantas dívidas não teria dinheiro para a minha mulher fazer compras no mercado. Fui falar com o gerente. Ele disse que estava tudo bem, que me daria crédito até eu terminar de pagar a máquina de lavar, só faltavam três meses etc etc. Agradeci a compreensão e a boa vontade daquele grande homem de negócios e fui para casa. Naquela noite choveu muito. Muito. Choveu tanto que a telha dos fundos da casa desmoronou. Eu tinha que fazer alguma coisa, ou toda vez que chovesse a cozinha seria inundada. Na manhã seguinte liguei para o meu chefe avisando que não poderia ir pois tinha que consertar a telha. Comprei materiais e fui pra casa. Era trabalho difícil e tive que chamar um pedreiro. Após um dia de trabalho a telha estava no lugar. Fiquei devendo ao pedreiro.
No dia seguinte fui trabalhar mas fui despedido. Na volta para casa choveu denovo. Choveu como na noite em que a telha desmoronou, mas acho que um pouco mais, pois a desgraçada caiu denovo.
Daquele dia em diante não me lembro muito bem do que aconteceu. Lembro que a polícia invadiu minha casa para confiscar meus bens, eu devia muito dinheiro. Minha mulher me deixou. Os psiquiatras diziam que eu era um comprador compulsivo. Os advogados diziam para eu confessar. Estava confuso. Quando via um bar na rua, sentia vontade de beber uma cerveja, mas gastei tudo que eu tinha em máquina de lavar, DVD, colchão e telhado. Fui preso e estou num manicômio.
Hoje penso de quem foi a culpa. Minha? Da minha amada esposa? Dos psiquiatras e advogados? Do gerente? Do meu chefe?
Não sei, mas a vida aqui no manicômio não está tão ruim. Tenho comida de graça, remédios de graça, cigarros de graça, não preciso me preocupar com o que a minha mulher quer, não preciso pedir ajuda ao gerente do banco, não preciso dar satisfações ao chefe... Passo o dia jogando xadrez com um amigo que conheci aqui, que também se fodeu com dívidas e também tinha uma mulher, e também trabalhava.Tenho todo o tempo do mundo para pensar, refletir sobre o que me aconteceu. Desenvolvi a minha humilde teoria. Acho que os bens de consumo não servem para nada, são apenas luxo, mas as pessoas gostam de luxo. Pelo nosso modo de vida e por toda a propaganda que absorvemos acabamos por pensar que precisamos de luxo, dos bens de consumo. Trabalhamos para isso. Não tendo condições de satisfazer nossas “mortais necessidades” aparece o banco, o financiador, o agiota, ou o que quer que seja, como o benfeitor, o amigo que vai nos ajudar a suprir nossas necessidades. Ele nos dá crédito, um empréstimo, e nós vamos felizes para casa com a nova aquisição. Mas se o praticamente inevitável acontece, nos ferrarmos, ele tem a toda poderosa lei do lado dele e aí vemos o quão dominados estávamos. E se não somos mandados para um manicômio, como eu fui, somos condenados a passar o resto de nossas vidas como infelizes ratos de laboratório, ou, se preferirem, devedores que assistem DVD em colchão d’água.
Mas agora está tudo bem.

quarta-feira, 13 de dezembro de 2006

narizes amputados

esse foi outro sonho estranho que tive. descrevendo-o é provavelmente mais assustador que o outro, mas dessa vez não acordei tão assustado.
Foi muito confuso, mas vou tentar contá-lo de forma que se entenda.
Eu estava na casa de um parente muito rico. Esse parente não existe de verdade, existe o tal cara, que não é meu parente, nem tão rico, mas no sonho ele era meu parente, apesar de não aparecer fisicamente. 0.o ... Bom, naquela noite uma velha amiga de colégio (Bárbara) tinha acabado de voltar da Bahia e eu estava ansioso para vê-la. Bárbara estudou comigo no colegial, era a garota mais inteligente e culta do colégio, não era muito bonita por não se cuidar. Eu considerava bastante a amizade dela. Bom, naquela noite ela voltou, e parece que morava nos fundos da casa desse meu parente. Era filha da empregada, ou algo assim. Quando a encontrei, num lugar que talvez fosse o começo do quintal do casarão, perto do portão de entrada, foi de dar medo. Ela tinha outra apaência. Era exatamente como a Renata, minha ex. Renata é linda, magra, loira, simpática, não muito inteligente. Mas isso não vem ao caso, apenas a aparência, que era a de Bárbara, mas com alguns detalhes relevantes.
- E aí? Como foi na Bahia?
- Muito bom, peguei muito bronzeado.
- Realmente, seu cabelo ficou loiro. E dá pra ver -" que seu olho está bronzeado" - !!!! (o olho dela estava bronzeado! tinha uma mancha no olho, um tipo de mancha que parecia que não havia mais vida no olho, mas muita maldade, não sei, mas era de assustar.)
Bárbara estava com a aparência de Renata, mas parecia ter se tornado uma pessoa má, estava muito magra, com aparência de drogada, e o mais estranho ainda estava por vir.
Esse foi o clímax do sonho, acho eu. Essa imagem ficou na minha cabeça até agora. Ela não tinha mais nariz. Tinha uma espécie de ondulação, não sei, era bizarro, e eu olhava dentro daquilo e via cocaína lá dentro. E nessa hora apareceram mais narizes de outras pessoas, que acho que tinham vindo com ela, e todos com pó lá dentro, muito pó que não tinha passado das narinas, mas só eu podia ver, olhando fundo nos narizes, um a um, a cocaína lá dentro, espalhada, empedrada.
O que me lembro depois disso é que eu estava dentro da casa, e corria pra lá e pra cá fechando todas as portas e janelas para nem ela nem os amigos dela invadirem a casa.

Acho que temo por amigos, temo por mim, mas não sei o que as duas têm a ver com isso.

sábado, 9 de dezembro de 2006

Sonho

Era uma faculdade. Estava na sala de aula e tinha algum tipo de exercício para fazer. Não era no papel, era algo esquisito e simples. Não sei ao certo, mas iam um a um, estava o professor e mais um ou dois alunos na frente do computador chamando para fazer o exercício. Era algo como andar até um lugar, escovar os dentes, durmir em algum lugar certo, andar até outro lugar. Não faço a menor idéia do que era, me esqueci durante o dia, mas era alguma coisa assim, bem simples e esquisita, apesar de comum, não sei explicar. Mas o que aconteceu é que todos foram indo, fazendo o exercício e saindo da sala, eu fiquei por último. Aí me dispensaram. Disseram algo como que aquele exercício era muito simples e que eu era um cara inteligente e não precisaria fazê-lo. Assim fui dispensado e saí da sala. Acho que não gostei muito da decisão deles, não sei. Só sei que fui para uma escada (a Faculdade era um grande prédio) que ficava perto da cozinha e durmi lá. Acordei numa escada suja perto da garagem. Eles não queriam que eu durmisse perto da cozinha e me levaram para lá enquanto dormia. Não gostei daquilo e voltei a dormir perto da cozinha. Acordei denovo na garagem. A garagem era grande, havia no centro dela um espaço com alguns elevadores e fui lá pegar o elevador. Vi que tinha gente saindo de um carro e indo para lá. Saí daquele espaço correndo e fui para os outros elevadores, que ficavam na parede, na garagem mesmo, mas não naquele espaço central. Muito inquieto, apertei o botão várias vezes, o elevador chegou e eu entrei rápido. ``Ooou!! Segura a porta!!`` A mulher vinha correndo e conseguiu abrir a porta antes que se fechasse. Entraram ela e o marido, eu sorri para ela, ela agradeceu e ficamos. Na subida entrou mais gente. Fiquei parado do lado oposto ao dos botões, meu andar era o que dizia alguma coisa científica, e era um dois mais altos. Na subida parece que tinham dois estudantes "controlando" os botões, estavam com pressa e falavam com todo mundo. "Ei, qual é o seu andar?" Não tem jeito de chegar mais rápido lá não?" "Muito bem, é so virar à esquerda no final do corredor!" E a pessoa saía... Eu esperava chegar no meu andar, e aí já não sei bem o que aconteceu, não me lembro mais, mas acordei momentos depois suando e assustado.


Alguma teoria?

sexta-feira, 8 de dezembro de 2006

Sem título

Hoje foi mais um dia como os outros. Nada fiz. Mas agora escrevo.

Não estudo
Não trabalho
Não tenho dinheiro para beber
Não tenho o que fazer
Não sou feliz
Não faço nada
Não gosto da vida
Não gosto de fazer nada
Não gosto de não fazer nada
Não gosto da dor
Não quero mais viver
Não tenho coragem
Não tenho ninguém
Não quero ninguém
Não quero nada

AMALDIÇOADO SEJA AQUELE QUE ME PÔS NO MUNDO!

A noite não termina em Salvador

A noite não termina em Salvador. Enquanto os índios fumam maconha nos seus grandes cachimbos e observam suas índias dançando, os brancos observam planejando como pegar o ouro da terra deles. Mas as índias são tão gostosas. Podem tranzar um pouco com elas e depois roubar o ouro. Mas o poder das mulheres não é coisa de se brincar. São traiçoeiras. Quanto mais linda uma mulher mais forte é o seu poder de traição e dominação.E foi por aí que os brancos se ferraram. Enquanto a noite não terminava, com o sexo e o rum trazido pelos brancos à praia que os entretinha, os índios invadiram e queimaram as embarcações. Quando voltaram, afim de continuar o seu plano de escravisar os brancos, ficaram assustados. Estavam todos mortos. Suas lindas e gostosas índias os mataram a todos. Tudo bem, a vida continua...Cerca de oito meses depois começaram a nascer novas crianças. Brancas, mestiças. "Muito bem, esperaremos elas crescerem e aí as escravizaremos." Mas os índios também não contavam com o poder traiçoeiro das mulheres. Eram elas que faziam a comida. Em pouco tempo todos os índios homens morreram envenenados. As crianças cresceram e o óbvio aconteceu. Mas eram apenas crianças, jovens, inexperientes... As meninas traíram e mataram todos os meninos, e aí envelheceram e morreram sem se reproduzir. Assim acabou a raça indígena, e o caminho nas Américas ficou livre para os brancos, que têm mulheres tão traiçoeiras como os índios. Vocês nem imaginam...
quando criei isso aqui, era só pra passar o tempo, e escrevi um texto que na minha opinião é horrível, mas ele foi comentado! =) assim fiquei tentado a escrever mais, e vou ... Abraços a todos.

quarta-feira, 6 de dezembro de 2006

O homem andava pra lá e pra cá nas ruas da pequena cidade. Ninguém o conhecia, nem ele a ninguém. Sentado no banco da praça tira um pão velho da mala e o divide com os pombos. A praça é só merda de pombo. Em tudo quanto é banco, todo o chão da praça, até a fonte do meio da praça está cheia de merda de pombo. Mas para o homem essa é a beleza da cidade.
Um vagabundo se aproxima, achando que esse é mais um como ele:
- E aí irmãozinho, tem um cigarro?
- Cai fora.
O vagabundo está meio aturdido, cambaleando, os olhos virados.
- É... O baguio é doido.
...
O pensamento distante, na amada talvez, na cerveja que não tem dinheiro para tomar, nas pombas disputando as migalhas. E naquele vagabundo sem futuro, completamente igorante, que começa a falar denovo.
- Porra, mó perreio. Cheguei aqui de carona, num carro aí... Tú toma uma?
Todo vagabundo toma cachaça. É apenas a vontade de ficar bêbado, gastando pouco. A solidão e a tristeza de não ter casa, causam essa melancolia e necessidade de beber.
- Não.
- Valeu irmãozinho, boa sorte, fica com Deus. – Estende a mão.
O homem olha e fica parado.
- Qual é? Tamo tudo na correria, é ou não é... Educação e humildade. Benditos os humildes, pois os humilhados, esses sim terão o reino dos céus.
- Todo seu.